Tempos de barbárie da inteligência – Numa emissora especializada em jornalismo, um “inteliquitual” ataca a PM, que foi agredida, critica ...
Tempos de barbárie da inteligência – Numa emissora especializada em jornalismo, um “inteliquitual” ataca a PM, que foi agredida, critica um projeto de “cura gay” que não existe e ainda diz que ele trará custos aos cofres públicos
Francisco
Carlos Teixeira é professor de história contemporânea da UFRJ. Não sei a
que hora estuda. Suponho que, quando não está na universidade, está
dando plantão na GloboNews. Teixeira é do tipo que pensa tudo o que lhe
dá na telha. Não sei se fui claro. Anteontem, durante a cobertura ao
vivo que a emissora fazia dos protestos em São Paulo, quando a fachada
da Prefeitura começou a ser atacada por vândalos, ele atribuiu a
responsabilidade ao prefeito, Fernando Haddad. Convenham, isso é
sacanagem mesmo com petistas, especialistas em acusar inocentes. Seus
parceiros de estúdio, a jornalista Leilane Neubarth — que acha
normalíssimo alguém subir no teto do Congresso com uma tocha acesa — e
um outro professor sei lá do quê, também culparam o prefeito. Então
ficamos assim: vagabundo ataca prédio público, mas quem deve apanhar é a
autoridade que não baixa a passagem. Tanto essa questão era irrelevante
que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, fez o que os manifestantes
queriam, e o Rio viveu ontem o mais violento dos dias. Quando o
professor Teixeira pensa, não há limites. Ele pode sempre ir mais fundo.
Ontem, ele batia um papo com o jornalista Eduardo Grillo sobre as
manifestações do dia e os confrontos do Rio. Fez o quê? O de sempre e um
pouco mais: voltou a atacar a Policia Militar, agora a do Rio; evitou
repreender os vândalos; criticou o discurso dos prefeitos que baixaram a
tarifa e inventou um projeto de cura gay que traria custos aos cofres
públicos…. Entre as aulas na UFRJ e o plantão na emissora de TV, não
deve ter tempo para estudar os temas sobre os quais opina. É
irrelevante? Não é, não! Essa gente tem o prestígio conferido a
estudiosos e pensadores. Ajuda a formar opinião, especialmente quando
fala numa emissora de prestígio.
Teixeira,
já percebi, não gosta de polícia — a exemplo da esmagadora maioria dos
jornalistas. Até aí, é absurdo, mas é matéria de opinião (sim, falarei a
respeito). Mas ele não tem o direito de levar ao ar uma informação
falsa numa emissora especializada em jornalismo. Espero que a GloboNews
faça a correção. Qual é o ponto? Apareceram ontem, no protesto de
Brasília, algumas palavras de ordem contra um suposto projeto que propõe
a cura gay. Já demonstrei aqui que isso não existe.
É uma mentira cretina de setores da imprensa e do sindicalismo gay. O
que há é um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que derruba dois
trechos de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia que
simplesmente impõem uma espécie de censura e de patrulha à relação entre
psicólogo e paciente. ESSA RESOLUÇÃO, NA FORMA COMO ESTÁ, É UMA
ESTROVENGA AUTORITÁRIA QUE NÃO EXISTE EM NENHUMA DEMOCRACIA DO MUNDO. O
link vai ali para quem quer mais detalhes. Pois bem.
O
professor decidiu ontem ensinar o que os Três Poderes têm de fazer para
responder ao povo que está na rua. Pediu, por exemplo, que o país passe a
investir, obrigatoriamente, 10% do Orçamento na Educação. Seria bom se
houvesse dinheiro. Até os prédios depredados de Brasília sabem que não
falta grana ao setor (o segundo maior; só perde para a saúde), mas
eficiência. E disse que o Congresso tem é de ser mais responsável.
Segundo o valente, é um absurdo que a Comissão de Direitos Humanos da
Câmara tenha aprovado aquele PDL mesmo com o povo na rua. Teixeira fazia
crer ser essa uma causa que mobiliza milhões. Mas não era o seu pior.
Demonstrando que não tinha a menor noção do que estava falando, que
fazia nada além de proselitismo, afirmou que o inexistente “projeto da
cura gay” acarretaria custos para os cofres públicos. É uma sandice, um
delírio, uma bobagem. Se o PDL for aprovado, o Estado não gastará um
centavo. Trata-se apenas de derrubar trecho de uma resolução.
Ontem o
homem estava impossível. Parece que seu prestígio cresce junto com as
bobagens que diz. Todo mundo que acompanhou a escalada da violência no
Rio viu quando manifestantes passaram a atacar a Polícia, não o
contrário. Tanto havia a disposição para o confronto que a coisa se
estendeu noite afora. Não, senhores! Teixeira não criticou os bandidos.
Sugeriu que isso é coisa que acontece mesmo. Ele preferiu criticar a
chamada “reação brutal” da Polícia. É um disparate, um despropósito
absoluto!
Insaciável,
foi adiante. Criticou também o discurso das autoridades que baixaram o
preço da tarifa. Ela teriam feito muito mal ao informar que teriam de
cortas investimentos, segundo ele. Melhor seria, recomendou, que
tornassem as contas mais transparentes, como se isso fizesse brotar
dinheiro. E esse pensador moderno seguiu com seus juízos singulares. É a
inteligência universitária em timo de barbárie cedendo as suas luzes ao
jornalismo.
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