45 Evangélicos na praça – Título de texto de reportagem do Estadão Online traz conteúdo que não está na reportagem e que, parece-me, dis...
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Por Reinaldo Azevedo
Evangélicos na praça – Título de texto de reportagem do Estadão Online traz conteúdo que não está na reportagem e que, parece-me, distorce os fatos
O
Estadão Online publicou às 19h33 um texto sobre a manifestação de
evangélicos ocorrida nesta quarta em Brasília, que reuniu milhares de
pessoas — 40 mil segundo a Polícia Militar; 70 mil segundo os
organizadores. O palco tinha uma imagem de fundo com a pauta da
concentração. O primeiro item era a liberdade de expressão — e, sim!,
também se fez a defesa da “família tradicional”, o que quer dizer um
“não” ao casamento gay. E também se falou em defesa da vida — isto é,
contra o aborto. Os cristãos também se manifestaram em defesa da
liberdade religiosa, que pode, sim, ser ameaçada pela PLC 122 se
aprovada. Não é questão de gosto ou de achismo, mas de fato.
Às 19h33, o Estadão Online publicou um texto a respeito, de autoria de Eduardo Bresciani. O título é este: “Em ato contra gays, Silas Malafaia diz que união homoafetiva é crime”.
Há uma diferença entre fazer um “ato contra gays” e um ato contra a
pauta que inclui o casamento gay. E não se trata de mera retórica.
Justiça se faça ao texto, essa distorção está no título da reportagem,
não no texto. Não dá para atribuir ao repórter. Há coisa ainda mais
estranha.
Procurei
no texto de Bresciani a fala de Malafaia que chama de “crime” a união
homoafetiva. Não achei. Se o pastor falou mesmo isso, o repórter não
registrou na reportagem. Por alguma razão, foi parar no título. O que li
no texto é outra coisa: o líder religioso rejeita, e está certo, o que
chama “crime de opinião”.
Leiam o
texto do Estadão e comparem com que vai no título. Leiam a reportagem e
procurem a fala do pastor que chama a união homoafetiva de crime. Não
vão encontrar.
*
Por Eduardo Bresciani:
Por Eduardo Bresciani:
Milhares
de evangélicos participaram nesta quarta-feira, 5, de uma manifestação
em Brasília, convocada por pastores e liderada por Silas Malafaia, em
defesa da liberdade religiosa. Pastores e políticos fizeram ataques ao
movimento LGBT, ao governo federal e ao poder Judiciário.
A
assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que estimativa era de
um público de 40 mil pessoas. A organização estimou em 70 mil o número
de presentes e informou ter gasto R$ 500 mil na realização do evento,
incluindo propagandas televisivas convocando o público. A Associação
Vitória em Cristo arcou com os custos.
Principal
organizador do evento, o pastor Silas Malafaia foi quem falou por mais
tempo e fez o discurso com mais ataques aos “adversários” dos
evangélicos. Ele começou com diversas críticas ao que chamou de
“ativismo gay”, em referência ao movimento LGBT.
“O crime
de opinião foi extinto e o ativismo gay quer dizer que a minha opinião
sobre a união homoafetiva é crime. Nós chamam de fundamentalistas, mas
eles são fundamentalistas do lixo moral, o ativismo gay é o
fundamentalismo do lixo moral”, afirmou Malafaia. “Tentam comparar com
racismo, mas raça é condição, não se pede para ser negro, moreno ou
branco. Homossexualidade é comportamento. Ninguém nasce homossexual”,
complementou.
Malafaia
criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) por terem “na caneta” aprovado a união civil entre pessoas
do homossexual e obrigar cartórios a registrar o casamento gay.
Criticou ainda o governo pela indicação de Luís Roberto Barroso para o
STF por ele já ter defendido a legalização do aborto. Atacou ainda o PT
destacando o julgamento do mensalão e sugerindo que a indicação de
Barroso poderia ter como objetivo absolver os condenados. “O povo quer
ver os mensaleiros na cadeia”, disse. Encerrou destacando ser o objetivo
do evento mostrar a força dos evangélicos. “Esse nosso evento é um
ensaio, um exercício de cidadania. Não somos cidadãos de segunda classe,
vamos influenciar a nação”.
Um dos
mais ovacionados pelo público foi o pastor Marco Feliciano (PSC-SP),
presidente da comissão de Direitos Humanos da Casa. Ele citou em seu
discurso os ataques que sofreu desde que assumiu a comissão. “Depois de
90 dias no vale da sombra, das mortes, estou aqui para dizer que
represento vocês”, disse Feliciano. Ele afirmou ainda que a “família”
tem de vir antes do governo e da sociedade e concluiu seu pronunciamento
dizendo esperar pela eleição de um presidente da República evangélico.
Outro tema
que motivou protestos de vários dos convidados a discursar foi o
projeto que criminaliza a homofobia, em tramitação no Congresso. O
senador Magno Malta (PR-ES) afirmou que há um objetivo de criar uma
“casta de homossexuais” e garantiu que a bancada evangélica não deixará
essa proposta ser aprovada.
Apesar de o
evento ter sido convocado como manifestação pacífica houve truculência
no palco quando seguranças confundiram, no palco, a bandeira de uma
igreja com a do movimento LGBT. O material era da Igreja Quadrangular e
foi apreendido de forma brusca pelos seguranças que retiraram com força
um pastor e outro integrante do grupo. Após ter sido esclarecido que os
envolvidos na confusão eram evangélicos a entrada deles foi liberada,
mas a organização confiscou a bandeira afirmando que o material não
poderia ser exibido para não vincular o evento a nenhuma igreja
específica.
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