As artes marciais já respondem por 20% das cirurgias do joelho num semestre em São Paulo (foto: divulgação) O sucesso do UFC no Brasil te...
O sucesso do UFC no Brasil tem levado muitas pessoas a seguir essa tendência e se matricular em aulas de artes marciais. Praticar esporte é excelente, mas o que tem acontecido é que muitos dos novos atletas não estão praticando a atividade da forma correta, o que pode levá-los a um efeito contrário: saúde física prejudicada.
O joelho é o que mais sofre lesões decorrentes das lutas marciais, e a incidência aumentou significativamente no último ano. Um levantamento realizado pelo Instituto do Joelho do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo, revelou que as artes marciais já respondem por 20% das cirurgias do joelho em esportistas feitas no segundo semestre do ano passado. No primeiro semestre deste ano, aumentaram em 30% as lesões de joelho em mulheres, crianças e adolescentes comparado com o segundo semestre de 2011.
Articulações e ligamentos são fáceis de serem lesionadas, e esta é a grande preocupação dos médicos, pois a atividade realizada de forma indiscriminada pode causar problemas mais graves do que se imagina. Em Itabuna, por exemplo, não há um estudo preciso, mas lesões pelo esporte têm acontecido com muita freqüência.
O presidente da Federação da Bahia de Muay Thai, Wadson dos Santos, o Nocaute (foto), que também é um dos lutadores mais reconhecidos da cidade e influentes no exterior, conta que praticantes das artes marciais se lesionam todos os dias, principalmente porque não há a devida instrução.
"Algumas academias estão ensinando de forma errada. Luta de contato na primeira semana, batendo de bambu, não pode ser assim. As pessoas precisam de todo um trabalho antes. Pulando corda já acontece uma lesão na panturrilha", informou. "O Muay Thai mesmo é muito contundente, uma luta muito dura, por conta do contato de canelas, joelhos, tornozelos, então muitos instrutores são irresponsáveis por colocar os atletas em contato", completou.
Outro fator que leva à falha de instrução é o atleta achar que pode fazer sozinho. "Muitos se acham autodidatas, não ouvem o instrutor e acabam se machucando", relatou Wadson.
O fato de em muitas academias não haver a presença de um médico responsável, para uma primeira avaliação e socorro, o atleta acaba tomando suas próprias medidas. Isso pode comprometer até uma recuperação, em casos mais graves, como rompimentos. Ele pode ficar afastado da prática esportiva.
Outro dado do ranking do instituto do joelho é que, do total de cirurgias realizadas, o futebol ocupa o primeiro lugar, representando 70% dos atendimentos, enquanto tênis, vôlei, basquete respondem por 10%.
Entorses
As entorses dos ligamentos do tornozelo e do joelho podem ser classificadas em três níveis:
Entorse de 1° grau: o atleta vai sentir uma dor fraca na articulação, podendo ser observado edema e rigidez articular. Esta entorse é caracterizada como uma lesão onde ocorre mínima ruptura das fibras ligamentares, não chegando a ocorrer instabilidade articular;
Entorse de 2° grau: neste caso o atleta perceberá uma dor de intensidade moderada a aguda, devendo ocorrer edema e rigidez articular. Neste caso existe certa ruptura e separação das fibras ligamentares e instabilidade moderada da articulação;
Entorse de 3° grau: pode haver dor aguda no início, seguida por pouca ou nenhuma dor, devido à ruptura total das fibras nervosas.
Prevenção
Esses incidentes podem ser previnidos, basta que o atleta seja disciplinado e o instrutor, atento. Algumas formas de prevenção são: uso de material esportivo adequado (protetor bucal, caneleiras, joelheiras, protetor de cabeça, luvas, etc), técnica adequada, musculatura reforçada (deve existir uma equivalência de força entre a musculatura agonista – que realiza o movimento e a musculatura antagonista – que relaxa para que o movimento ocorra), alongamento, aquecimento, entre outros que deverão ser ensinados pelo instrutor.
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