JARDIM BOTÂNICO EM CAÍPE VELHO, SÃO CRISTÓVÃO. *Everaldo Pinto Fontes, Gaspeu. Em apenas quatro décadas, o ex-fotógrafo Marcel Nauer transf...
JARDIM BOTÂNICO EM CAÍPE VELHO, SÃO CRISTÓVÃO.
*Everaldo Pinto Fontes, Gaspeu.
Em apenas quatro décadas, o ex-fotógrafo Marcel Nauer transformou um pequeno sítio de árvores frutíferas num agradável Jardim Botânico. Quando foi adquirido, na década de 80, tratava-se apenas de uma pequena propriedade com alguns trechos de Mata Atlântica remanescente, na zona rural de São Cristóvão.
Marciel é fotógrafo aposentado, suíço, naturalizado brasileiro e foi fotógrafo do Centro de Criatividade de Aracaju. Quando criança, acompanhava seu avô, que era paisagista e trabalhava em um castelo alemão. Junto com o avô, visitou vários jardins botânicos na Europa e era encantado pelos trópicos e tinha um desejo de viver num país tropical.
Os jardins botânicos têm papel de destaque na conservação da biodiversidade e na sensibilização do público sobre o valor dos recursos vegetais, integrando técnicas de conservação in situ (aquela em que as espécies são protegidas em seu próprio ambiente) e ex situ (quando as espécies são cultivadas fora de seu ambiente).
O jardim botânico no Caípe, em São Cristóvão, é um museu natural a céu aberto. Ao adentrar no local aos poucos, as maravilhas vão se revelando: palmeiras, cactos, orquídeas. Podemos observar, ou mesmo estudar, exemplares de todos os continentes, especialmente das regiões tropicais e com isso, contribuir com a preservação de algumas espécies. O jardim botânico não tem respaldo de nenhuma instituição e não integra a reduzida lista dos jardins botânicos do Brasil.
Jardim Botânico situado em São Cristóvão no povoado Caípe, encontra-se numa área de 10 hectares. Uma propriedade particular que ao longo de quarenta anos se constituiu em orto floresta, um jardim botânico com plantas aquáticas e uma diversidade de impressionar.
Senhor Macel, proprietário, Há alguns anos atrás juntava besouros variados para remeter ao centro de zoonose. Esse último estudava-os e devolvia a natureza. O proprietário Chegou a juntar centenas de besouros. Com o início da padaria em 2020 desistiu de recolher esses animais com receio de ser infectado.
As sementes das plantas que não existem aqui na região, vieram de outras regiões e até do exterior. Foram doadas, conseguidas através de colecionadores amigos aqui no Brasil. Sendo o mais longe de Rondônia. Tem amigos em Recife, na Bahia, em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, etc. Trocaram sementes e informações que ao longo dos anos tem ajudado a manter a diversidade.
O fotógrafo aposentado que criou essa diversidade florestal afirma nunca ter tido ajuda do poder publico, de nenhuma empresa e nem das universidades. Tudo que fez foi com recursos próprios e seu trabalho manual. Sem reclamar, achar ruim ou espernear, sempre calado, aos seus 75 anos não cansam de ornamentar, germinar novas sementes, conseguir novas mudas de várias espécies e dessa forma tornar o jardim cada vez mais bonito.
Há plantas de todos os tamanhos e idades, não apenas porque sempre chegam mudas e sementes novas, mas também porque algumas podem levar até dez anos para germinar. Outras germinam rapidamente, mas demoram a crescer. Há casos de baobás que só se tornam adultos depois de um século, árvores que já atingiram 40 metros de altura. Ao lado de palmeiras que se projetam no sentido vertical, plantas aquáticas espalham-se horizontalmente sobre a água. Existem espécies exóticas do mundo inteiro e Marciel segue em busca de novas sementes ou mudas com a mesma empolgação que tinha no início.
O jardim botânico é visitado por amigos, por pessoas que conseguem chegar até ele com a ajuda de conhecidos comuns, bem como também por pesquisadores e universitários. Para visitá-lo, é preciso contatar seu dono por intermédio de um conhecido comum e agendar a visita, sempre aos domingos, quando ele passa o dia trabalhando no local.
A visita é gratuita, mesmo se tratando de uma propriedade particular, porque esse esforço de décadas foi feito sem fins lucrativos. Somente de vez em quando é que Marcel vende alguma planta e acaba concluindo que não valeu a pena porque pagam muito pouco.
A cidade de São Cristóvão, além de conter um acervo histórico cultural arquitetônico com um sítio patrimônio mundial, um vasto manguezal com ilhas, praias desertas, a diversidade da fauna o torna um paraíso ecológico com um potencial de uma beleza estonteante. Também é agraciada com um jardim botânico que enche os sergipanos de alegria porque se soma para sensibilidade de um povo à preservação da natureza. Preservar a natureza, a arquitetura do local e sua história aumentam o sentimento de pertencimento e o orgulho de ser sergipano.
*Everaldo Pinto Fontes, gaspeu. Professor Aposentado da Rede Municipal de Aracaju e da Rede Estadual de Sergipe, Ex Secretario de Educação do Município de São Cristóvão, Ex Presidente da Fundação de Cultura e Turismo de São Cristóvão e Ex Diretor da Diretoria Regional de Educação da Grande Aracaju (DRE-08).
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