Texto de Edmilson Suassuna QUEM TEM A CANETA TEM O PODER. Com fama de gênio da política, o poder por trás do trono em Sergipe, Amorim ...
Texto de Edmilson Suassuna
Com fama de gênio da política, o poder por trás do trono em Sergipe,
Amorim parece ter cometido o seu primeiro grande erro. Em sua
intentona para fazer do irmão o Governador de Sergipe em 2014, parece
ter calculado mal a reação de Déda para o seu feito de agora. Amorim
nunca teve um adversário frontal. Constituiu poder e disputou eleições
ocupando espaços no vácuo das engrenagens que tecem e sustentam as
estruturas políticas do Estado.
A tão falada proeza da eleição de seu irmão para o Senado, a famosa
quantidade de votos maior do que a do governador eleito, tem a fama
maior do que o feito. Teve sim, Amorim mais votos para o Senado do que
Marcelo Déda para o Governo, mas nunca é demais frisar que eram duas,
duas vagas para o Senado. Duas. O eleitor tinha o direito a votar
duas, duas vezes para Senador. Qualquer estatístico poderá esclarecer
um pouco mais sobre o que esta probabilidade quer dizer em relação ao
resultado final, comparando-se a quantidade de votos de um Senador
eleito numa disputa com duas vagas, para um Governador eleito
disputando apenas uma vaga.
Longe do alcance das estatísticas, é esclarecedor desvendar que aquela
eleição foi marcada pela traição, onde o jogo de enganar predominou.
Não foi a toa que o DEM não elegeu nenhum Senador. O que quero dizer é
que há muito mito em torno deste imenso poder de Amorim. E que este
mito começará a ser posto em prova a partir de agora. Vamos ver no
mano-a-mano.
Amorim nunca teve um adversário frontal, nunca disputou uma eleição
verdadeiramente acirrada. Agora ele tem um. Um não, dois: Déda e
Jackson. Marcelo Déda não é um adversário qualquer. Bobo não é. É
comandante, se fez como comandante, e fez uma parte da história
política de Sergipe como comandante. E ao seu lado está Jackson. Este
conhece o mapa da geopolítica de Sergipe como a palma de sua mão.
Jackson em campanha é uma fera. Como candidato natural do bloco
governista em 2014, no mando, o homem vai virar um titã.
Desta feita, parece que o gênio Amorim calculou mal. Como conseqüência
imediata, ele vai sentir o gosto de algo que parece que não teve ainda
na política: Pressão por cargos. Ou melhor, pressão por perdas de
cargos. Cargo é cargo. Como se comportarão os seus aliados?
Seguindo em frente, rumo à disputa pela Prefeitura de Aracaju, o
destino parece armar uma cilada sutil para o mais novo homem poderoso
de Sergipe. Tudo o que se desenha, diz ou cogita-se o colocando na
disputa, se faz com muita leveza, como se ele fosse um “ás” infalível,
que está se dirigindo para a guerra à cavalheira. A realidade é muito
diferente.
O que ninguém disse até então, é que se entrar na disputa pela
Prefeitura de Aracaju, seja com candidato próprio ou como o grande
eleitor dos bastidores, ele não pode perder. Se perder, no mínimo, o
mito da infalibilidade quebra, e as conseqüências para 2014 são
imprevisíveis.
De tudo o que tem dito sobre a eleição na ALESE e o decorrente
rompimento com Déda, Amorim tem cometido um erro crasso. Em suas
declarações, transparece que nada ocorreu; que não teve influência
nenhuma na eleição; que nunca solicitou cargos em troca de apoios; que
não rompeu com o governo; que nunca nada, coisa nenhuma. Neste
momento, o gênio está sendo traído pelo seu inconsciente. Este tipo de
sofisma dá certo para os bastidores; para a conversa nos gabinetes;
para o fingido tête-à-tête nas costuras políticas. Em declarações
abertas, sobre fatos escancarados, conhecidos e comentados por todos,
não.
Amorim neste momento carece de uma auto-análise para saber a sua real
estatura. Por um lado, precisa se conscientizar que não é mais um
homem de bastidor; que virou persona política pública. A linguagem dos
bastidores não serve mais. O que poderá derrotá-lo senão esta
ilusória, porém sedimentada, impressão de que é hoje o Superman de
Sergipe, capaz de poder tudo? O que é Kryptonita para você?
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